quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Brasil na "pindaíba olímpica"!

 Sarah Menezes - Medalha de Ouro no Judô Feiminino

O desempenho fraco/regular do Brasil nas Olimpíadas segue a rotina de alguns outros anos. Vimos muitas promessas (não cumpridas evidentemente) de medalhas de ouro, como:
- na Natação, com apenas a prata do Cielo nos 50m rasos;
- no Salto com vara;
- no Vôlei feminino (quadra e praia);
- no Basquete Masculino;
- no Salto em distância feminino/masculino;
- no Judô, embora tenhamos sido surpreendidos com uma grande judoca piauiense;
- na Ginástica olímpica, embora novamente surpreendidos nas argolas;
- no Triathlon;
- no Hipismo;
- no Fundismo, etc...

E outras promessas que poderão não ser cumpridas, embora não seja esse o meu desejo, e que com certeza comentarei nas redes sociais caso aconteça. A grande questão e a tônica que desejo mostrar através desse post, na verdade, um grito desesperado, não apenas de um torcedor, mas de alguém que não aceita ver um país tão imenso, rico, a 6ª economia do mundo, ter um desempenho tão ruim diante de países como o Cazaquistão que aparece na frente do Brasil no quadro de medalhas, conforme vemos abaixo:



Ranking
 Países
Ouro
Prata
Bronze
Total
1
China
35
22
19
76
2
Estados Unidos
34
22
25
81
3
Grã-Bretanha
22
13
13
48
4
Coreia do Sul
12
6
6
24
5
Rússia
11
19
22
52
6
França
8
9
11
28
7
Alemanha
7
15
10
32
8
Itália
7
6
4
17
9
Hungria
6
2
3
11
10
Cazaquistão
6
0
2
8
24
Brasil
2
1
7
10

*Quadro atualizado em 08/08/2012 às 18:00

Claro, sabemos que não dar para ganharmos tudo e em todas modalidades, afinal, os atletas olímpicos, são sem dúvidas, os melhores atletas de um país e por isso a concorrência se dá no mais alto nível de um disputa esportiva. Embora, tenhamos visto alguns fiascos, e deslumbres de alguns atletas com as redes sociais, tirando o foco e a concentração para o que realmente interessa (medalha de ouro), sabemos que muitos atletas sem nomes, sofreram muito para chegarem a fazer parte da delegação brasileira, como a piauiense. Fico imagino o que essa nordestina sofreu para chegar à medalha de ouro olímpica, sem incentivos, sem nutrição adequada e cara, não que o caro seja necessário, mas não podemos colocá-la no mesmo patamar de nutrição esportiva do César Cielo, que tem um acompanhamento e alimentação bem mais complexa que a judoca. Diferentemente dos atletas de nome, com patrocínios fortes, como o caso de Neymar Jr. (o “queridinho” da publicidade) que provavelmente é o atleta dessa Olimpíada, em se tratando de delegação brasileira, com maior número de patrocinadores e maior receitas entre todos.

Estas disparidades fazem-me pensar sobre até que ponto o incentivo governamental é eficiente? Quem auxilia efetivamente nas dificuldades para os atletas desconhecidos? Qual a função do patrocinador realmente, estampar uma marca ou apoiar efetivamente o esporte brasileiro?

São questões que merecem um profundo debate. Mas julgo necessário entrarmos a seguir na tônica sobre a Cultura Esportiva do Brasil.

É sabido de todos que embora tenhamos excelentes atletas, muitos não conseguem ‘chegar lá’. Por aspectos que vão de preparo físico e desempenho esperado para o índice olípico até mesmo a questão de imagem e patrocínio que intervém sobre uma equipe de alguma modalidade esportiva, como no caso da Jade Barbosa, que por conta de uma divergência com um dos patrocinadores da equipe de ginástica olímpica, teve o seu nome cortado da lista.



Jade Barbosa - Sonhando ainda com as Olimpíadas logo após o anúncio do seu corte da equipe.

Por outro lado, o país ‘tipicamente do futebol’, não tem promovido a cultura esportiva dos demais modalidades olímpicas. Dificilmente vemos atletas destacando-se em outros esportes por não haver essa ‘cultura esportiva’, afinal, dinheiro mesmo ganham os “Neymares da vida” no futebol, esporte amplamente divulgado, com forte apelo midiático.

Outro ponto que vejo é na educação. Vemos pouco incentivo à prática esportiva, poucas faculdades e colégios contemplam e trabalham o esporte com força, com efetividade. Embora a Educação Física seja uma matéria obrigatória nos colégios, por exemplo, vemos a deficiência do ensino como um incentivador/formador de atletas, com apenas algumas poucas horas de teorias e alguns exercícios de polichinelo e voltas e voltas ao redor da quadra, em resumo. Quantos alunos, de cara, já apresentam atestado para não praticar esporte? Outros tantos vão apenas para ‘bater uma pelada’ e outros talvez não saibam direito nem o que estão fazendo, mas que têm que cumprir. Uma pequena minoria realmente se interessa pelo esporte e as vezes falta uma metodologia e uma apresentação de uma gama maior das centenas de modalidades esportivas que existem.

É também preciso uma nova cultura, apoiar e incentivar novas modalidades dentro da escola, dentro das faculdades, dentro dos centros de ensino como um todo para favorecer a disseminação do esporte. Este seria um passo fundamental para que construíssemos uma base, um alicerce forte de muitas futuras promessas.

Outro ponto, que encerra essa discussão e que também abri outras com certeza, é a infra-estrutura. O investimento brasileiro é ínfimo se comparado as duas grandes potências Olímpicas, China e EUA. Nos Estados Unidos, por exemplo, além de incentivar a prática esportiva como cultura desde a educação básica, possui também grandes Centros de Treinamento Esportivo, com tecnologia avançada e própria para a modalidade a treinar, como o de natação, onde treina inclusive o Cesár Cielo e outros atletas de outros países. É incrível, mas não temos, por exemplo, velódromos e olha a coincidência: temos poucos nomes no ciclismo. Não temos centros adequados para a prática do salto com vara, olha outra coincidência: nossa melhor atleta treina fora do país, na Rússia, que possui material adequado para tal e o pior, também não somos referência.

Dois pontos que, ao meu ver, poderiam tirar o país dessa ‘pindaíba olímpica’ e colocá-lo no patamar de grande potência dos esportes, favorecendo através disso também inclusão social, entendendo que o esporte tem também essa vertente social tão pouco explorada ainda em um país tão grande como nosso Brasil. Oxalá que essas palavras possam ter êxito e chegar um dia aos ouvidos dos nossos governantes e atiçar/aguçar nossos educadores físicos para que tenhamos um dia um Brasil, não só do futebol, mas de várias outras modalidades, sejam olímpicas ou não.

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