quarta-feira, 4 de abril de 2012
Betesda - lugar da misericórdia divida - e da descompaixão de alguns de seus poucos líderes...
Há 15 (quinze) anos sou membro assíduo da Igreja Evangélica Betesda, onde a maior parte da minha história foi construída na 'filial' no Conjunto Ceará. Todavia, no último ano, estava participando mais ativimente em outra 'filial', no bairro do Antônio Bezerra.
Esta instituição inovou muito no meio evangélico no final da década de 80 para o início da década de 90, trazendo novidades e um pensamento cristão jovial, onde se defente o pensamento livre e apoia as diferenças em que muitos jovens sabiam da responsabilidade da liberdade e graça cristã em um contexto em que os 'crentes' em geral, eram obrigados, para serem considerados como tal, usar terno e gravata. Essas e outras evoluções constantes lhe deram vários 'status', alguns nada bons, como o de 'igreja herege' ou 'igreja do inimigo', porém, seus líderes, principalmente Ricardo Gondim, e, no caso do Ceará, à época saudosa lembrança do Pr. Allison Ambrósio, conseguiram com uma forte pregração e um louvor arrebatador, mudaram um pouco a ideia do 'crente' para o cristão moderno, exatamente na era da modernidade (ou pós-modernidade para alguns), pois na sua missão está a busca da 'excelência cristã'.
Enfim, essa pequena introdução é para ratificar o meu compromisso que tem com a instituição e o que escrevo não é abobrinha de neófito, que no calor das emoções, se deixa levar, sem utilizar-se minimamente de razoabilidade dada a inflamação dos sentimentos. Ao contrário disso, o que conto aqui é um brado indignado sim, construído por fatos e antes de mais nada, infelizmente uma grande vergonha.
É para mim uma grande dor ter que falar isso daqui e ver que por um mal líder, muitos pobres padecem, pela falta de sabedoria e liderança cristã.
No último domingo, dia 1/4/12, culto dominical, fui surpreendido pela presença do Presidente da Convenção estadual de Pastores, daí, notei que algo não estava correto, o culto se deu 'normalmente' na medida possível de discrição aceitável, até que no final foi dada a palavra ao pastor da igreja local (Betesda Antônia Bezerra) o Pr. George Cavalcante, do qual, me atrevo dizer que é um dos maiores pregradores da atualidade e dessa igreja, pela sua incessante busca de conhecimento e sua reconhecida dependência de Deus para tal.
Ele inicia sua falta informando que foi 'CONVIDADO' a sair da igreja, pois o mesmo, supostamente, na visão da liderança (convenção estadual) não conseguia priorizar os trabalhos pastorais, visto que sua ocupação de trabalho e estudos não o permitiam dar conta das coisas, tudo ao mesmo tempo, por este motivo havia sido notificado formalmente (por e-mail) de que estava dispensado de suas funções.
Com isso, me surge daí a minha indignação e passo a fazer algumas pontuações sobre tal fato e para nossa reflexão, à saber:
01.) Diferentemente de algumas multi-milionárias igrejas por aí, salário na Betesda varia de acordo com a renda da própria e às vezes não chega a um salário mínimo, que é de R$ 622,00 (seiscentos e vinte e dois reais). O Pr. George é casado e pai de 2 (dois) filhos pequenos, teve que sair para o mercado de trabalho para conseguir um salário digno para o próprio sustento e de sua família e até no meio evangélico a hierarquia de necessidades de Maslow se faz necessário ter, sendo as mais básicas as necessidades fisiológicas, tais como a fome, a sede, o sono, o abrigo, etc; e as necessidades de segurança, que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida;
Ora, como que alguém com uma família composta por 4 (quatro) membros, mesmo cristão, consegue viver com R$ 500,00 (quinhentos reais). Pasmem, esse é o valor que o Pr. George recebia da igreja, que não pode ser considerado salário e sim, uma ajuda de custo.
Desta forma, o Pr George, que já havia resolvido voltar ao ensino formal, concluindo uma Graduação e em seguida uma Pós-graduação, encarou, depois de anos fora do mercado, um emprego fixo com carteira assinada, para lecionar o que já não garante muitos recursos, basta olhar o contracheque de algum amigo seu que seja professor do Estado ou Município.
Assim, o mesmo passou a dividir sua atenção com a igreja local, suas atividades pastorais, a pregração da palavra (sua grande paixão), a família e os estudos. É muita coisa, mas que até então, eu, enquanto membro da igreja em questão, não percebia sua ausência.
02.) A visão da Betesda é "Ser uma igreja pentecostal que reflete e tem relevância na realidade onde está inserida". Quero me deter em "Ser uma igreja... que reflete". Refletir nos remete a prudência; Meditação; pensar mais profundamente sobre algo. Será que se uma igreja que refletisse sobre seus atos, esses argumentos não bastariam para repensar a vida e a carreira de alguém dentro e fora da igreja?
03.) Betesda - lugar da misericórdia divida.
Misericórdia, significa:
1. Compaixão solícita pela desgraça alheia.
2. Comiseração, piedade.
3. Perdão.
4. Instituição pia que socorre pobres e doentes.
5. Punhal que se trazia pendente à direita da cinta para matar o adversário ferido e derrubado.
interj.
6. Perdão! Piedade!
Bandeira da misericórdia: pessoa sempre indulgente para com os defeitos de outrem.
Fonte: http://www.priberam.pt/dlpo/default.aspx?pal=Miseric%C3%B3rdia
Depois desse fato - que tenho um desejo profundo que seja totalmente isolado - me parece que isso nada mais é do que uma linda placa com slogan ótimo, porque se considerarmos isso enquanto o posicionamento de - alguns - líderes é examente isso que se deixa parecer, porque ter misericórdia com o pastor em questão passou longe de qualquer coisa, não deram o tempo ou o apoio necessário para que já que havia um descontentamento com o trabalho realizado, houvesse então um acompanhamento com o mesmo para saber se há mudança de atitudes e como é seu dia-à-dia e, principalmente suas dificulades.
O que penso a respeito, é que se você quer então que alguém se disponibilize para igreja em tempo integral, pague um salário digno para o mesmo e não dê uma ajuda de custo de R$ 500,00 (quinhentos reais) chamando isso de salário.
04.) Por fim, e talvez o ponto mais importante, é que em nenhum momento os membros da igreja local foram questionados sobre a atual situação do pastor e suas respectivas opiniões sobre a susposta "indisponibilidade" do pastor, colocar em debate se este atendente ou não às expectativas dos fiéis da igreja local, o que denota certa arbitrariedade por parte de um líder que chega em uma igreja e simplesmente 'COMUNICAR' o seu desligamento, isso é ultrajante. Parece coisa de empresa privada, embora eu tenha a impressão de que muitas delas são ainda mais misericordiosas com a saída dos seus funcionários do que foi a Betesda com a saída do Pr. George, e para não ficar somente na falácia, exemplifico o caso do
Ex-CEO sai da Jonhson & Johnson, William Weldon, que saiu da empresa com uma conta polpuda e muito reconhecimento pelos seus 41 anos de trabalho e dedicação, cifras que não vale citar, pelo que não questiono se o Pr George recebeu dinheiro ou não, tenho certeza que disso ele jamais quis da igreja, ou seja, ele jamais buscou algum reconhecimento financeiro, visto o seu pensamento cristão. Mas o que se trata é como tratamos as pessoas e o comportamento adotado para 'desligar' alguém de suas funções como feito pelo Presidente em questão, do qual me recuso dizer o nome, pelo desmérito que este adquiriu com estas atitutes.
Usei esses pontos para expor meus pensamentos a respeito desse assunto. Muito provavelmente poucos lerão, poucos outros compartilharão e muitos reclamarão. Todavia, vale à pena sim colocar na vítrine e expor problemas para alertar sobre os cuidados que devemos ter quando dizemos que o "lugar da misericórdia divida", para não virar slogan e ser sim uma filosofia adotados por todos, mas principalmente seus principais líderes, sejam este(s) Presidente da Convenção de Pastores, sejam estes presbíteros ou diáconos. Sobretudo, importa o amor para com o próximo e o respeito à dignidade da pessoa humana.
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